Kunsthalle Lissabon

Mounira Al Solh: The Sea is a Stereo

Mounira Al Solh: The Sea is a Stereo

Mounira Al Solh: The Sea is a Stereo

Mounira Al Solh: The Sea is a Stereo

Mounira Al Solh: The Sea is a Stereo

Mounira Al Solh: The Sea is a Stereo

Mounira Al Solh: The Sea is a Stereo

Mounira Al Solh: The Sea is a Stereo

Mounira Al Solh: The Sea is a Stereo

Mounira Al Solh: The Sea is a Stereo

A Kunsthalle Lissabon apresenta, pela primeira vez em Portugal, o trabalho da artista libanesa Mounira Al Solh. As instalações de Mounira Al Solh recorrem a uma abordagem ficcional e irónica, mas mantendo sempre uma posição auto-reflexiva, para investigar o quotidiano, interrogando aquilo que é percepcionado como normal pelos outros.

O projecto The Sea is a Stereo, iniciado pela artista em 2007 e constituído por várias partes semi-autónomas, apresenta-nos um grupo de homens de Beirute que nadam no mar todos os dias, independentemente das circunstâncias: chuva, vento ou guerra. A sua prática obsessiva apresenta-se como um acto de resistência contra a impossibilidade de viver uma “vida normal” no seu próprio país. Esta luta pela normalidade sofre uma reviravolta inesperada quando Al Solh fala, literalmente, por eles. A artista usa a sua própria voz para dobrar a dos homens e, assim, não só expor a vulnerabilidade da sua actividade diária como também problematizar a construção da ficção de “normalidade”.

No vídeo Paris Without a Sea, um dos elementos constituintes de The Sea is a Stereo, Al Solh recorre a certas noções de apropriação e performatividade para explorar um conjunto de entrevistas que fez aos nadadores. De um modo geral, uma entrevista pressupõe duas posições distintas, se não opostas: a do entrevistador e a do entrevistado. O vídeo questiona esta dialéctica sem, no entanto, tentar alterá-la. As questões colocadas são, inicialmente, banais e sobre aspectos quotidianos. Por vezes, o ritmo exageradamente rápido do vídeo e as respostas por vezes surpreendentes dos homens fazem Paris Without a Sea deslizar para o domínio do ficcional e do absurdo.

Let's Not Swim Then!, outra das partes que constituem o projecto que agora se apresenta, é um vídeo que mostra diferentes momentos relacionados com os nadadores, filmados individualmente ou em grupo, enquanto se encontram na praia ou a caminho desta. Filmadas na praia pública em Beirute, e durante alturas diferentes do ano, as cenas são acompanhadas por comentários feitos pelos homens após terem visto as mesmas cenas. Os comentários funcionam como o fio condutor que liga e dá continuidade à narrativa, clarificando a relação dos homens com a costa em Beirute e com a diminuição do acesso público às praias onde nadam. A um ritmo bastante realista e de forma bastante íntima, as cenas mostram-nos as actividades diárias do grupo de nadadores, como eles procuram o local ideal para nadar, quais os seus pontos preferidos e os assuntos e tópicos de discussão predilectos.

Paralelamente ao projecto The Sea is a Stereo, Al Solh apresenta também a revista NOA (Not Only Arabic). NOA é concebida como um gesto experimental localizado algures entre a revista exclusiva e a performance. O segundo número, produzido por e lançado durante a 11ª Bienal de Istambul, com o título Arrest Buried Under Something Else investiga o conceito e diferentes noções do termo prisão (arrest). Inclui contribuções de Mohammed Abi Samra, Alena Alexandrova, Amal Issa, Zachary Formwalt, Erden Kosova, entre outros. A revista estará disponível para leitura durante um período limitado e apenas por marcação. Para marcar a leitura da revista contactar 912045650.

Mounira Al Solh nasceu em Beirute, Líbano, em 1978 e vive e trabalha em Beirute e Amesterdão. Al Solh estudou pintura na Universidade Libanesa, em Beirute e Belas Artes na Gerrit Rietveld Academy, em Amesterdão. Entre 2006 e 2008 esteve em residência na Rijksakademie, também em Amesterdão. O seu trabalho é multidisciplinar, oscilando entre o vídeo, a instalação, a escrita, a fotografia e a pintura. Al Solh tem vindo a explorar questões relacionadas com emigração e conflitos sócio-políticos e religiosos ligados ao Líbano, sempre através de uma abordagem que pode ser apelidada de micro-política. Os seus trabalhos nunca são documentais, mas sim ficcionais e, por vezes, fantásticos. Al Solh apropria-se frequentemente de outras obras e metamorfoseia-se, não raras vezes, em outras personagens, maioritariamente artistas ficcionais. Das exposições em que participou destacam-se a Manifesta 8, Murcia, Espanha (2010); a 11ª Bienal de Istambul, Istambul, Turquia (2009); a 52ª Bienal de Veneza, Veneza, Itália (2007); Be(com)ing Dutch, Van Abbemuseum, Eindhoven, Holanda, entre outras. Recebeu, recentemente, o Uriòt Prize da Rijksakademie o seu video Rawane's Song foi apresentado em vários festivais de cinema e vídeo, entre os quais o VideoBrasil que lhe atribuiu o prémio do júri em 2007. É representada pela Motive Gallery, Amesterdão.

Exposição apoiada pela Fundação Calouste Gulbenkian

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