Kunsthalle Lissabon

Athena Papadopoulos. Holy Toledo, Takotsubo!, 2019. Vista da exposição. Foto: Bruno Lopes

Athena Papadopoulos. Holy Toledo, Takotsubo!, 2019. Vista da exposição. Foto: Bruno Lopes

Athena Papadopoulos. Holy Toledo, Takotsubo!, 2019. Vista da exposição com Do Do DoDo Big Bird (2018) e Sitting Do Do Duck (2018). Foto: Bruno Lopes

Athena Papadopoulos. Holy Toledo, Takotsubo!, 2019. Vista da exposição com Do Do DoDo Big Bird (2018). Foto: Bruno Lopes

Athena Papadopoulos. Holy Toledo, Takotsubo!, 2019. Vista da exposição com Fruit Dove Funny Bone Eatcher’ Heart Out (2018). Foto: Bruno Lopes

Athena Papadopoulos. Holy Toledo, Takotsubo!, 2019. Vista da exposição com Do Do DoDo Big Bird (2018) e Sitting Do Do Duck (2018). Foto: Bruno Lopes

Athena Papadopoulos. Holy Toledo, Takotsubo!, 2019. Vista da exposição. Foto: Bruno Lopes

Athena Papadopoulos. Holy Toledo, Takotsubo!, 2019. Fruit Dove Funny Bone Eatcher’ Heart Out (2018) (Pormenor). Foto: Bruno Lopes

Athena Papadopoulos. Holy Toledo, Takotsubo!, 2019. A Cuckoo Sidepain that gets Worse Knot Better (2018) (Pormenor). Foto: Bruno Lopes

Athena Papadopoulos. Holy Toledo, Takotsubo!, 2019. Sitting Do Do Duck (2018) (Pormenor). Foto: Bruno Lopes

CURA.: Athena Papadopoulos

De maio a agosto de 2019 a revista CURA. foi convidada a ocupar a Kunsthalle Lissabon: o seu espaço, a sua infraestrutura e o programa expositivo, naquilo que constitui um exercício de sobreposição e apropriação identitárias. Para esta ocasião, a CURA. apresenta em Lisboa a continuação do programa desenvolvido no espaço BASEMENT ROMA através de uma proposta que explora ideias de duplicação e alteridade.

O novo espaço da CURA abre assim a 14 de maio com Holy Toledo, Takotsubo!, a primeira exposição em Portugal da artista canadiana, residente em Londres, Athena Papadopoulos.

Holy Toledo, Takotsubo! é um jogo de palavras que faz referência à mágoa catártica induzida pelo medo, e de natureza física, que viagens psico-emocionais podem despoletar. O título ecoa a ideia de “amar algo até à morte”: estar de tal modo preso a alguém ou a alguma coisa ao ponto de ficar fisicamente com o coração despedaçado. O síndroma de Takotsubo refere-se à condição médica que resulta de um stress emocional traumático – o fim de uma relação amorosa ou a perda de um ente querido, por exemplo – que enfraquece o coração, causando à pessoa uma dor insuportável no peito.

Nesta exposição, Papadopoulos centra-se nos processos de formação de subjetividade e alegorias que se encontram em estado de incubação numa série de trajes-tornados-esculturas. Figuras fantasmáticas recebem o visitante num ambiente espectral; um espaço cenográfico onde as obras se tornam, elas próprias, espectros de uma dramaturgia que mimetiza dinâmicas relacionais, psicológicas e sociais, todas inextricavelmente ligadas à experiência pessoal da artista.

Estas figuras espectrais aparentam conversar entre si ao mesmo tempo que convidam a artista e os visitantes a participarem num diálogo introspetivo: elas olham para nós para que olhemos para nós mesmos, para nos dizerem quem e o que são e de onde vieram. Estas pinturas esculturais são compostas por vestidos de noiva reaproveitados, imbuídos de memórias pessoais de quem se separou deles. A artista reconfigurou-os cirurgicamente, transplantando elementos de detritos – uma parafernália preciosa e tóxica que atua tanto como infecção como cura – tanto para a superfície como para o interior desses corpos. Como uma pessoa sofrendo de Takotsubo, que necessita de ser levada à pressa para o hospital, Papadopoulos ocupa a posição do cirurgião, abrindo feridas e cavidades, tanto tratando como exacerbando os corpos des (aliviados) à sua volta.

De forma semelhante, Papadopoulos transforma-se performativamente numa estilista de moda, vestindo o corpo e, assumindo o papel metafórico de um pássaro, procurando elementos para adicionar às estruturas semelhantes a ninhos que trespassam essas superfícies. É como se Papadopoulos performasse esses papéis como forma de transcender as suas próprias experiências, trazendo à vida essas personagens desequilibradas que nos revelam os nossos fantasmas. Os títulos das obras são retirados de uma lista de aves exóticas extintas e fundidos com nomes de pássaros animados típicos da cultura popular. Neste contexto, as aves fornecem um veículo para explorar manifestações mais intricadas das convenções sociais de género: o uso de metonímia e termos carinhosos para as mulheres; a frequente caracterização dos pássaros da Disney como fofos, mas estúpidos, irritantes ou enredados em intrigas maléficas. Para acompanhar esta série de trabalhos, Papadopoulos colaborou com HP Parmley para criar um composição sonora mágica, ainda que assombrosa, intitulada "Funeral for a Friend", que funciona como a banda sonora cinematográfica que traz à vida as personagens da exposição.

A Kunsthalle Lissabon é generosamente apoiada pela República Portuguesa / DGArtes, FfAI e Coleção Maria e Armando Cabral.

Read Room Page